quinta-feira, 14 de abril de 2011

Aos sonhos que esperam

Rancho das Flores - Fagner

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Lembro bem, passei um bom tempo
Construindo portais ao meu redor
Com caminhos batidos em pedra
E com lindas flores em suas orlas

O sol vinha por todos os cantos
Pelos vitrais coloridos nas janelas
Do tamanho de portas sempre abertas
Era sem chave o meu coração

Mas sem mais nem por que
Fui construindo muros, feios
Tijolos e cimento, sem sequer reboque
Demoli os portais e matei as flores

Cortinas feias e velhas nas janelas
Sujos e opacos os vitrais
Foi ficando frio e úmido esse cômodo
Que um dia ousei chamar de coração

Fui acomedito por doenças
Pela umidade e pelo mofo
Rancor, tristeza e desgosto
Sem falar na virose da solidão

Esbarrei em algo, nem lembrava estar alí
Com cordas e corpo, algo ardente e um copo
Algumas folhas espalhadas pelo chão
Uma pena, diferente da que tinha de mim

Debrucei-me e me achei, sorri e chorei
Foi quando um vento escancarou as janelas
E os muros frágeis como se fossem de barro
Num só golpe facilmente derrubei

O sol brilhava como nunca
As flores haviam se espalhado por todo canto
Os portais ainda em pé e que encanto
Os caminhos mais floridos do que deixei

Meu olhos sorriram em lágrimas
E um vento leve soprou meu rosto
E os belos caminhos que um dia abandonei
Continuavam ali prontos para serem redescobertos

Otávio Fraz

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