sexta-feira, 8 de março de 2013

Homenagem ao dia das mulheres.


Em homenagem ao dia de hoje, o dia da mulher estou publicando esse texto que escrevi em pseudônimo feminino, assim como fazia Chico Buarque em suas músicas e Nelson Rodrigues em alguns textos de sua obra.

A EXTINÇÃO MASCULINA

 Estava cá hoje pensando com meus botões. O mundo se diz evoluir, mas o homem não muda, falo do homem, o ser masculino. Ainda, para a grande maioria somos ainda meros objetos, pedaços de carne, refúgios sexuais.
Isso já foi longe demais, já deu o que tinha que dar, na verdade já demos o que tínhamos que dar, já é passada a hora deles reconhecerem nosso valor como seres pensantes, e mais, superiores.
Em verdade vós digo, os homens se cuidem, não que me faça gosto mas seus dias estão contados. Vocês têm percebido que os homens têm se tornado cada vez mais dispensáveis? Não? Vou lhes provar.
Na época dos primórdios da raça humana, quando o ser humano ainda era selvagem, as mulheres eram responsáveis por manter a raça, procriar, cuidar da prole, manter viva a espécie. É por isso que temos tantas reservas energéticas, seios, nádegas, celulite, essas “gordurinhas” que tanto nos incomoda são pura e simplesmente reservas para mantê-los vivos quando bebês, caso faltasse alimento.
Nessa época nosso valor ainda era reconhecido, os homens nos defendiam com unhas e dentes passavam dias caçando e pescando (mas pescavam mesmo), para nos alimentar.
Depois, com a “evolução” da espécie foram criando armas e formas de demonstração de poder, aí começou nosso martírio. Como eles tinham mais habilidade física no manuseio das armas já tomaram nossa dianteira, e nós cuidando das crianças em casa enquanto iam para a guerra, nós que segurávamos a barra quando eles voltavam sem um braço ou uma perna.
Continuaram guerreando, e pior, começaram a filosofar.
Maldito seja o inventor do ócio criativo, enquanto eles pensavam quem cuidava da casa? E o que surgiu dessa filosofia? Uma teoria de que as mulheres são homens incompletos, pasmem, chamaram nosso clitóris de pênis atrofiado. Foi quando também aprenderam a nos abusar sexualmente, nos vender, trocar, éramos troféus e colecionáveis em harêns.
Daí então a situação só piorou.
Na idade média foi uma maravilha, qualquer uma de nós que curasse doenças, fizesse manuseio de remédios ou mesmo tratamentos com remédios naturais era chamada de bruxa. E lá fomos nós arder nas fogueiras da inquisição. Ah! Era de praxe também sermos oferecidas pelos nossos maridos aos seus senhores feudais como cortesia, mera hospitalidade, mas quando a peste negra chegou quem tinha que segurar a barra?
Daí a burguesia ascendeu, iiixi! As coisas pioraram. Os homens enriqueceram, começaram a acumular riquezas, ficaram ambiciosos, quanto mais tinham, mais queriam, ficaram vaidosos e quanto mais mulheres tinham, mais mulheres buscaram.
Na Revolução industrial, descobriram, enfim, que temos força, habilidade e competência para trabalhar e o que fizeram? Começaram a abusar de nossa força de trabalho, começaram a abusar de nós e dos nossos filhos, trabalhávamos 18, 20 horas por dia.
Daí então, após anos sendo exploradas de todas as formas, começamos a nos indignar, em pequenos grupos, aos poucos. Mas foi mesmo no último século, após quase 3.000 mil anos de abusos que nos rebelamos. Os homens no início relutaram em aceitar, não queriam nos ver libertas do preconceito, mas nada que uma boa greve de sexo não resolva.
Saímos das cozinhas e fomos para as ruas, para as faculdades, para as grandes empresas. Ai sim as coisas começaram a mudar. Percebemos que temos grande força, tanto dentro de casa quanto na política.
Agora estamos ativas nos mercado de trabalho, sustentamos a casa e os filhos, sozinhas. Existem empregos que são preferencialmente nossos, agora nossa feminilidade é mais respeitada, nossa gestação é bem amparada e nossa integridade física também. É certo que sempre existem aqueles que tentam nos tratar como antes, mas não ficamos mais caladas, e eles, não mais impunes.
Hoje em dia já trabalhamos, já mantemos a casa, já sustentamos os filhos, já matamos barata, trocamos lâmpada e o pneu do carro, já abrimos pote de azeitona, e, a nossa maior proeza, se hoje queremos ter filhos, não precisamos mais de um homem, a medicina, por meio da inseminação artificial, nos concede essa regalia.
Então, após esse breve aparado sobre nossa evolução histórica, venho lhes provar que os homens estão se tornando dispensáveis e correm o risco de desaparecer da face terra. Do surgimento do homo-sapiens até os dias de hoje, pouco evoluímos fisicamente, é certo que algumas evoluções aconteceram, como o fato de termos cada vez menos pelos.
Nossa real evolução foi mental e tecnológica. Assim como os cisos pararam de nascer porque perderam sua utilidade, os homens também estão diminuindo em quantidade, pelo mesmo motivo, e nós, seres mais evoluídos, estamos nos tornando predominantes, na verdade já somos.
Estão perdendo aos poucos suas utilidades. Na verdade ainda servem pra parte prática, como belo passatempo para as noites solitárias de sábado, mas ainda sim continuam fazendo as mesmas burradas, se soubessem o que o futuro lhes guarda...
Mas, sabe? Mesmo tendo sido tão maltratadas e ainda sofrermos nas mãos deles, vamos acabar tendo piedade, como sempre tivemos com os nossos imensos e misericordiosos corações de mãe.
Nosso amor não se cabe no peito, nossa capacidade de perdoar, nossa compaixão e, principalmente, nossa consciência de que os pobres coitados são iludidos pelas facilidades e gozos mundanos. São como crianças num grande parque de diversões, mas sabem que chega a hora de ir pra casa e receber um afago de uma mulher. Passamos toda a nossa história perdoando-os e recebendo-os de volta, e quando eles forem sumindo, vamos dar um jeitinho de preservar a raça deles.
Afinal... Quais de nos, cansadas do trabalho diário, não gosta de chegar em casa e vê-la arrumada, as crianças com a tarefa de casa feita, o jantar pronto e nosso homem esperando cheiroso no sofá pra assistir a novela?

Camila Oliveira