quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Lisboa - 6 de Janeiro de 2009 - Impressões da Viagem

Já faz um tempo que não posto nada. Tetê tem me cobrado.
Meu tour acabou, voltei pra casa em Lisboa. Agora é arrumar as trouxas e embarcar rumo a terras canarinhas.
Bom, essa viagem me trouxe muitas lembranças que vão marcar o resto da minha vida, uma experiência cultural enorme, uma visão de mundo que só quem já viajou pode constatar.
Essa viagem rendeu belas aventuras. Algumas que eu nem mesmo cheguei a postar.
No segundo dia de viagem estava eu dormindo quando meu Pai parou o carro logo após uma paragem de pedágio, eu acordei meio atordoado. Era a proteção do motor que tinha quebrado e estava arrastando no chão, fazia um frio de 3 graus. Meu pai a noite é cego feito uma topeira então, sobrou pra mim o ofício de dar um jeito na placa e prender ela de volta. Tive o auxílio do Luka que me ajudou segurando a lanterna que nao era à pilha, era a dínamo, aquelas modernas com uma manivela pra girar e carregar a bateria.
A situação não era das melhores. Por conta do carro já de segunda mão ( FIAT Múltipla, carro para 6 pessoas ano 1998) e da placa do motor ser de fibra de vidro, estava muito ressaca, os buracos que eram usados para parafusar ela no chassi tinham se rompido, somente os de traz, deixando ela então pendurada, presa somente na parte da frente.
O carro é bem baixo e estava cheio de bagagem e de gente, portanto, estava mais baixo ainda, então de forma alguma seria seguro usar o macaco para levantar o carro, ainda mais considerando que uma pessoa teria que se aventurar por debaixo dele. A solução seria alguém se espremer lá em baixo até encontrar uma posição que pudesse resolver. Lá fui eu.
Deitei-me de costas no chão e fui me arrastando por debaixo do carro, o carro estava tão baixo que eu respirava com dificuldades quando apoiei a ponta debaixo do cabeçote do motor, no meu tórax. Avaliei a situação, só daria pra amarrar com algum barbante a placa, e teria que ser dos dois lados. Na posição que eu estava, de peito pra cima, eu só poderia usar uma das mãos. Então pedi pro meu pai, para que providenciasse algum barbante, mesmo que improvisado. Ele arranjou o fio de uma sacola de pano.
Pus-me a amarrar, tive que dar a volta nos buracos que iriam prender a placa ao chassi, apertar até que a placa subisse e dar dois nós sem deixar o barbante afrouxar, tive que fazer com uma só das mãos. O frio fazia a ponta dos meus dedos doerem, por dentro porque por fora já não tinha mais sensibilidade, sem falar que a força que eu estava fazendo da posição que eu estava fazia meu ombro doer muito. Acho que minha habilidade manual, adquirida do violão, me ajudou a terminar esse penoso trabalho.
Ufa! Consegui prender... Um dos lados da placa... Faltava ainda o outro. Mas dessa vez seria pior, só poderia usar a mão esquerda, sou destro. Mas, depois de quase meia hora, a placa estava presa de volta, por quanto tempo não sabíamos, mas pelo menos até aonde desse.
Levantei-me, como diria meu pai, me “aprumei”, lavei as mãos, limpei meu casaco e coloquei luvas bem quentinhas. Seguimos então viagem, sem esperar por mais imprevistos, mas se aparecessem, daríamos um jeito.
Na próxima, talvez eu conte dos nossos problemas com a Gabriela, a garota temperamental do GPS.
Sem mais por agora.

Otávio Fraz

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